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Lipedema e Reposição Hormonal: relação, riscos e tratamentos. 

Um assunto que está ganhando a atenção das mídias sociais é o lipedema, uma doença que causa o acúmulo de gordura especialmente nos membros inferiores. Esse aumento, se levarmos em conta a estética corporal, é extremamente desproporcional: da cintura para cima há um tipo de corpo e, da cintura para baixo, outro! 

Essa é uma condição crônica mais comum em mulheres independente de idade, ainda que durante a menopausa possa se agravar. Recentemente, a modelo Yasmin Brunet relatou aos seus seguidores que está tratando o lipedema. Ela revelou detalhes sobre a doença e também sobre os resultados do seu tratamento. Disse ter perdido mais de 10 kg de gordura e 1 kg de massa magra, após acompanhamento médico, dieta e exercícios físicos. 

Entretanto, é importante não confundir obesidade com lipedema. Essas são duas condições distintas. De forma simples, pode-se dizer que  a primeira é um acúmulo generalizado de gordura no corpo, enquanto a segunda é um aumento desproporcional de gordura em áreas específicas do corpo. 

Por meio deste texto, vamos entender o que é lipedema, suas causas e tratamentos. Além disso, esclarecemos questões que envolvem a reposição hormonal como forma de terapia para a doença.

Afinal, o que é lipedema?

Ainda que pareça novidade, o lipedema foi descrito pela primeira vez em 1940. Os médicos americanos Allen e Hines descreveram uma deposição anormal de tecido adiposo que afetava mulheres, na Clínica Mayo, nos Estados Unidos. Entretanto, somente em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o problema como uma doença distinta. Já, em 2022, o quadro foi incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), um manual usado como referência global para identificação e registro de condições de saúde.

Mulher vestindo calcinha preta apresenta excesso de gordura localizada nas coxas e nádegas. Esta é uma das características do lipedema.

A doença afeta quase exclusivamente mulheres e está frequentemente associada a desequilíbrios hormonais. O lipedema pode ser entendido como uma condição crônica inflamatória caracterizada pelo acúmulo anormal de adiposidade nas extremidades inferiores, principalmente nas pernas, quadris, nádegas, coxas, tronco e pés. Na maioria das vezes, isso vem acompanhado de dor, inchaço, sensibilidade ao toque, fácil formação de hematomas, nódulos subcutâneos firmes e “deformação” do contorno natural das pernas. 

Resumidamente pode-se dizer que são três os fatores relacionados ao desencadeamento da doença: a inflamação, o acúmulo da gordura e o aumento das linfas. Além disso, o paciente com lipedema apresenta resistência da gordura à dieta tradicional e aos exercícios físicos. 

Gestão da doença 

Ainda que não tenha cura, o tratamento do lipedema está centrado principalmente em gerenciar os sintomas e prevenir sua progressão para garantir melhor qualidade de vida. 

Os três pilares para o tratamento do lipedema são:  

  1. Fazer dieta adequada: a dieta ajuda a controlar a obesidade que frequentemente acompanha o lipedema, ainda que, geralmente, a gordura seja resistente à perda de peso por meio do controle alimentar; 
  1. Exercícios físicos: a prática de exercícios regulares é recomendada para quem têm estilos de vida pouco saudáveis, especialmente  para mulheres. Eles ajudam a reduzir o inchaço, a dor e a inflamação ;  
  1. Drenagem linfática: pode ser uma técnica eficaz no tratamento do lipedema, pois ajuda a reduzir a inflamação nas áreas afetadas pela doença e diminui o inchaço, melhorando a aparência e o desconforto causado pela condição.

Relação entre lipedema e hormônios 

Tratamento com medicamentos hormonais. Imagem com um caderno onde está escrito HORMONES e sobre o qual estão 2 antúrios vermelhos, 1 relógio despertador vermelho e uma mão feminina segurando um blister de medicação.

Pesquisas apontam a influência dos hormônios, particularmente do estrogênio, no lipedema. Muitas vezes, percebe-se que a doença se desenvolve ou piora durante momentos de mudanças hormonais significativas, como a puberdade, gravidez ou menopausa.

O estrogênio é um hormônio sexual feminino com várias funções no corpo, incluindo a regulação da distribuição e depósito de gordura. Ele também tem um papel no sistema linfático, que é crucial para a manutenção do equilíbrio de fluidos corporais. 

Os estudos sobre a relação lipedema e hormônios apontam: 

1. Predominância em mulheres e influência hormonal 

O lipedema ocorre quase exclusivamente em mulheres, sugerindo uma forte ligação com hormônios femininos, principalmente o estrogênio. Algumas evidências indicam que:

  • O estrogênio promove o crescimento do tecido adiposo em áreas específicas (pernas, quadris e braços), típicas do lipedema;
  • Mudanças hormonais (puberdade, gravidez, menopausa ou uso de anticoncepcionais) podem piorar os sintomas;
  • Desequilíbrios hormonais entre estrogênio e progesterona, como o que ocorre na SOP e na perimenopausa , podem agravar a retenção de líquidos e a inflamação.

2. Piora em fases de flutuação hormonal 

Muitas mulheres relatam que o lipedema piora em momentos de alterações hormonais significativas, como:

  • Puberdade – Quando os hormônios sexuais começam a ser produzidos em maior quantidade;
  • Gravidez – Devido ao aumento do estrogênio e progesterona;
  • Menopausa – A queda hormonal, especialmente do estrogênio, pode alterar a distribuição de gordura e piorar a inflamação.

Reposição hormonal e lipedema: riscos e benefícios do tratamento. 

A terapia de reposição hormonal (TRH) pode piorar o lipedema? 

  • O estrogênio é antiinflamatório. Sendo assim, não existe nada que diga que a reposição hormonal piore o lipedema. Repor o estradiol, inclusive, pode ser benéfico para as mulheres que se encontram na transição e na menopausa por diminuir a inflamação;
  • O uso da progesterona natural (bioidêntica) ou drospirenona costumam ser a melhor opção na TH , pois tem efeito diurético, o que pode ser benéfico no caso de lipedema;  
  • A base do tratamento para lipedema não é hormonal, e a TH não deve ser indicada para esse fim. Porém, quando bem indicada, pode trazer benefícios no tratamento do  lipedema. 

Tratamentos coadjuvantes para lipedema em pacientes em TRH 

Terapeuta realizando drenagem linfática nas pernas de uma mulher.

Além do manejo hormonal, outras estratégias são essenciais para controlar o lipedema em mulheres 40+:

1. Terapia física e compressão : drenagem linfática manual ajuda a reduzir o inchaço e meias de compressão melhoram a circulação e diminuem a dor;

2. Atividade física de baixo impacto: exercícios como natação, ciclismo e pilates fortalecem os músculos sem sobrecarregar as articulações; 

3. Dieta Anti-inflamatória : redução de alimentos processados, açúcar e gordura saturada. Ênfase em ômega-3, vegetais e proteínas magras;

4. Cirurgia (Lipoaspiração): em casos avançados, cirurgias como a lipoaspiração ou a vibrolipoaspiração podem remover nódulos de gordura dolorosos. 

O lipedema tem uma relação clara com os hormônios femininos, e a reposição hormonal deve ser cuidadosamente avaliada em mulheres com essa condição. Por isso, o acompanhamento com ginecologistas, endocrinologistas, angiologistas e fisioterapeutas é essencial para um tratamento eficaz e seguro.

Conheça a Dra. Júlia Azevedo  

A Dra. Júlia Azevedo é ginecologista e obstetra, com vasta experiência em climatério, menopausa e uroginecologia, formada pela UFRGS.

Com especializações em saúde feminina, ginecologia esportiva e estética íntima, ela oferece cuidados completos e personalizados para mulheres em todas as fases da vida. Seu foco está em proporcionar tratamentos modernos e eficazes, sempre com um atendimento acolhedor e humanizado. 

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